Em uma época em que as sequências dominam as bilheterias, não é de se
estranhar que "Meu Malvado Favorito" (2010) tenha ganhado,
merecidamente, a sua. Encantadora para crianças e com humor pontual (mas
certeiro) para adultos, a animação do recente estúdio Illumination
conseguiu fincar sua posição em um território dominado majoritariamente
pela Pixar ("Toy Story", "Procurando Nemo", "Valente"), seguido de longe
pela DreamWorks ("Kung Fu Panda", "Shrek").
A façanha se deve mais a uma bem elaborada história, do que
propriamente à excelência técnica, quesito no qual esta animação perde
para seus concorrentes. Mesmo assim, não lhe faltam méritos, até por
chegar a este patamar. O perigo, claro, se encontra no que está por trás
das continuações: se o estúdio procura retorno, então que mostre
qualidade na técnica e no conteúdo. O fiasco de "Carros 2", da Pixar,
mostra que o público não tolera mais tapeação, por mais bem embalada que
esteja.
O roteiro da dupla Cinco Paul e Ken Daurio, que se repete neste segundo
longa, convence até certo ponto. O sucesso inegável de "Meu Malvado
Favorito" centrava-se na sensível e humana transformação de Gru (Steve
Carrel, na versão original, e dublado por Leandro Hassum nas cópias
brasileiras), que se autointitulava "o maior vilão do mundo".
Solitário em suas vilanias quase infantis, que consistiam em assustar
crianças e furar filas graças ao seu raio congelante, ele encontra sua
bondade, no fim, ao se deparar com as três órfãs Margo, Edith e Agnes.
Usadas como peças em um "diabólico" plano para roubar a lua, elas acabam
trazendo ao anti-herói a perspectiva de amor paterno, letárgica devido
aos descalabros de sua mãe dominadora (Julie Andrews).
Quando Gru devolve a lua e passa a ser o responsável pelo contagiante
trio de órfãs, termina o episódio inicial e começa esta nova aventura.
Como ele agora parece ser do bem, acaba convocado, a contragosto, para
participar da Liga Anti-Vilões e descobrir quem roubou uma fórmula
secreta, que não faz mais que transformar animais de estimação em
monstros.
Embora relutante, Gru aceita participar dada a sua nova atitude de pai
responsável e ao incansável ímpeto da atrapalhada Lucy (Kristen Wiig e,
na versão dublada,
Maria Clara Gueiros),
que passará a ser sua parceira. O que ele desconhece é que seus fiéis
minions (os cômicos seres amarelinhos que roubam todas as cenas) estão
sendo sequestrados.
Lucy, desde o início, se mostra a peça que falta no peculiar núcleo
familiar. Mas é neste ponto que a dupla Cinco Paul e Ken Daurio se
enrosca, ao não dar conta e, por isso, não amarrar bem os três conflitos
narrativos principais: a vida em família, o novo elemento amoroso e,
claro, capturar o vilão (participação especial de Sidney Magal).
Como sequência, "Meu Malvado Favorito 2" é mais fraco, quando comparado
às continuações de seus concorrentes "Toy Story", "Shrek" ou "Kung Fu
Panda", que recriaram suas narrativas à altura da original. Ainda assim,
é contagiante porque consegue passar ao público o humor e, apesar da
fantasia, sua ligação com o mundo real.
Fonte:G1 pop e arte.