Há algo de hipnótico nos segmentos que compõem "Mundo invisível", filme
coletivo idealizado por Leon Cakoff, falecido no final de 2011, e
Renata de Almeida, respectivamente o criador e a diretora da Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo. Realizado por cineastas celebrados
no festival paulistano, o conjunto aborda de forma direta, ou mesmo
poética, as mais diversas dimensões invisíveis que perpassam nosso
cotidiano. O filme estreia em São Paulo, Rio, Brasília e Porto Alegre.
A identificação ou proximidade das abordagens depende exclusivamente do
estado de espírito de cada espectador. Há o socialmente mordaz "Céu
inferior", de Theo Angelopoulos (de "Paisagem na neblina"), o enigmático
"Gato colorido", de Guy Maddin ( de "A música mais triste do mundo"), o
divertido "Aventuras do homem invisível", da portuguesa Maria de
Medeiros (de "Capitães de Abril"), em meio a outros nove segmentos.
Chama atenção também a sensibilidade com que os temas são tratados,
como no filantrópico "Ver ou não ver", de Wim Wenders (de "Asas do
Desejo"), ou "O ser transparente", da brasileira Laís Bodanzky, um
documentário sobre o conceito do "ator invisível", em que a cineasta
entrevista a monja budista Coen e a atriz Cássia Kiss. Ou mesmo o
alucinante "Kreuko", o elogio à loucura dos brasileiros Beto Brant e
Cisco Vasques, com participação especial de Sonia Braga e José Wilker.
Mas nada é mais hipnótico do que a presença do próprio Leon Cakoff na
tela grande. Além de participar no ingênuo "Do visível ao invisível", do
português Manoel de Oliveira, ele é o personagem principal de "Yerevan –
O visível", do canadense de origem armênia Atom Egoyan (de "O Doce
Amanhã"). Ao narrar uma história familiar verídica, Cakoff consegue mais
uma vez fazer com que sua vida sirva a aproximar o público do cinema de
melhor qualidade.
(Fonte:G1 pop e arte)
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