A animação "Reino escondido" chega associada a aura de competência e
qualidade do estúdio Blue Sky, responsável pelo sucesso de "A era do
gelo" e "Rio". Some-se o fator sucesso do brasileiro Carlos Saldanha,
que embora não seja responsável direto por esta produção, está à frente
da empresa e cria mais empatia com o público nacional.
Dito isso, a cobrança pelo resultado de "Reino escondido" é ainda maior
por parte da crítica e do púbico, que esperam ser surpreendidos não
apenas com os atributos técnicos, mas com o humor da trama e personagens
cativantes.
A produção, no entanto, está aquém dessas expectativas, ao contar uma
história que, embora reluza universal, se diminui em um maniqueísmo
hermético, sem as nuances tão extraordinárias presentes nas produções
anteriores. Toma-se aqui, como princípio, o conceito de filme familiar,
não exclusivamente infantil.
Na história, Maria Catarina (dublada por Amanda Seyfried, na versão em
inglês) é uma adolescente que se vê obrigada, a contragosto, a morar com
o pai no campo, o professor Bomba (o comediante Jason Dudeikis e, em
português, Murilo Benício). Ausente e
amalucado, para Mary o pai é um estranho que passou a vida tentando
provar a existência de pequenos seres humanoides na floresta.
O que Catarina vai entender mais tarde é que esse mundo invisível e
minúsculo é sim real e abriga dois grupos: os protetores da floresta,
liderados pelos homens-folha, que cuidam da natureza e os Boggans,
criaturas voltadas à destruição da vida. O equilíbrio é mantido pela
rainha Dara (Beyoncé Knowles), que consegue sobrepor seu poder benéfico ao do líder dos Boggans, Mandrake (Christoph Waltz).
Quando o vilão arma uma bem-sucedida embosca para Dara, a única opção
da rainha é fazer de Maria Catarina uma aliada, o que implica torná-la
tão pequena quanto o povo da floresta. Assim, para voltar ao normal,
Catarina se vê obrigada a concluir uma missão: salvar o botão de uma
flor que elegerá uma nova rainha e, assim, restaurar o equilíbrio entre o
bem e o mal.
Para a empreitada, a garota contará com a ajuda do jovem rebelde Nod
(Josh Hutcherson), seu par romântico, o capitão da guarda dos
homens-folha, Ronin (Colin Farrell e, em português, Daniel Boaventura),
e duas lesmas, Mub e Grub, que fazem parte do alívio cômico da trama.
Além disso, Maria Catarina deve tentar contatar seu pai, que acredita
ter sido abandonado.
Com participações especiais dos músicos Steven Tyler e Pitbull, que
dublam personagens coadjuvantes na versão em inglês, "Reino escondido"
é, sem dúvida, um espetáculo visual. Peca, no entanto, por uma história
quadrada e personagens com pouco apelo ao público. Mesmo o humor é
arrastado e funciona melhor em inglês, já que é repleto de trocadilhos e
piadas com duplo sentido. No fim, é um programa estritamente infantil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário