Depois de nove dias de competição, o Festival de Cannes foi
surpreendido nesta quinta-feira (23) pelo poderoso e sensual "La vie
d'Adele", do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, que narra o despertar
sexual e a paixão de uma adolescente por uma jovem de cabelos azuis.
Adaptado livremente de uma HQ escrita por Julie Maroh, o filme tem as
cenas sexuais mais gráficas e apaixonadas entre duas mulheres já vistas
em Cannes.
O filme, que disputa a Palma de Ouro, pode render o prêmio de melhor
atriz para a jovem Adéle Exarchopoulos, excepcional no papel de uma
estudante de 15 anos que descobre a paixão e o desejo quando conhece
Emma, interpretada por Lèa Seydoux.
A história entre as duas mulheres e, sobretudo, o magnífico retrato da
jovem protagonista, Adèle, e a interpretação de Seydoux colocam o filme
entre os favoritos para os prêmios, que serão anunciados no domingo pelo
júri presidido por Steven Spielberg.
Kechiche disse que não teve medo de retratar o amor entre duas
mulheres, mas o que impactou e conquistou a crítica foi o retrato
psicológico e emocional das protagonistas. Rodado em Lille, norte da
França, o drama já teve os direitos vendidos para um distribuidor
americano, apesar das três horas de duração.
O outro filme com personagens homossexuais na disputa pela Palma de
Ouro, "Behind the candelabra", cotado a valer o prêmio de interpretação
ao americano Michael Douglas, que retrata o extravagante pianista
Liberace, e talvez a Matt Damon, na pele de seu jovem amante, não
encontrou produtor ou distribuidor americano e foi financiado pelo canal
por assinatura HBO, que o exibirá no próximo domingo (26).
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